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sábado, 10 de maio de 2014

Qual é o seu Mundo?

Por: Fabiano Batista de Oliveira
Como o nome deste blog é Mundo Virtual, surge a pergunta. Qual é o seu mundo? Assim não poderia deixar de colocar o texto de Augusto Cury "O que é o mundo virtual para você? Nele o autor nos relata sua história de como conheceu ou lembrou de seu  mundo virtual real, como enxergou através dos olhos de uma criança inocente a realidade do mundo real e cruel.
Vamos ver duas definições bem lógicas para o mundo virtual, uma que é encantadora e outra que não tem nenhum encanto, talvez essa última seja a vida virtual real, uma prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias.

 Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, pois, queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia atribulado, para comer e consertar alguns problemas de programação de um sistema que estava desenvolvendo, além de planejar minha viagem de férias que há tempos não sei o que são.
Pedi um filé de salmão com alcaparras na manteiga, uma salada e um suco de laranja, afinal de contas, fome é fome, mas regime é regime. Abri meu notebook e levei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim.
- Tio, dá um trocado?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, compro um para você.
Para variar, minha caixa de entrada está lotada de e-mails. Fico distraído vendo as poesias, as formatações lindas, dando risadas com as piadas malucas.
- Tio, pede para colocar margarina e queijo também.
Percebo que o menino tinha ficado ali.
- Ok! Vou pedir, mas depois me deixa trabalhar, estou muito ocupado, tá?
Chega minha refeição e junto com ela meu constrangimento. Faço o pedido do menino, e o garçom me pergunta se quero que mande o garoto ir “a luta”.
Meus resquícios de consciência me impedem de dizer. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga não o pão, mas uma refeição decente para ele. Então ele sentou à minha frente e me perguntou:
- Tio que você tá fazendo?
- Estou lendo uns e-mails.
- O que são e-mails?
- São mensagens eletrônicas mandadas por pessoas via Internet.
Sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de maiores questionamentos, disse:
- É como se fosse uma carta, só que vem pela Internet.
- Tio, você tem Internet?
- Tenho sim, essencial ao mundo de hoje.
- O que é Internet?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, novamente na certeza que ele pouco vai entender e vai me liberar para comer minha refeição, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos algo que não podemos pegar, tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que ele fosse.
- Legal isso. Adoro!
- Mocinho, você entendeu o que é virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Você tem computador?
- Não, mas meu mundo também é desse jeito... Virtual.
Minha mãe trabalha, fica o dia todo fora, só chega muito tarde e quase não a vejo, eu fico cuidando do meu irmão pequeno que vive chorando de fome e eu dou água para ele pensar que é sopa, minha irmã mais velha sai todo dia, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, pois ela sempre volta com o corpo, meu pai está na cadeia há muito tempo, mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos, dia de natal e eu indo ao colégio para virar médico um dia.
- Isso é virtual não é tio?
Fechei meu notebook, não antes que lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino terminasse de literalmente “devorar” o prato dele, paguei a conta e o troco, dei para o garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um “brigado tio você é legal!”.
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!

Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, enfim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete. Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você. Use a dúvida como ferramenta para fazer uma higiene no delicado palco da sua mente com o mesmo empenho com que você faz higiene bucal. (Augusto Cury)

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